Categoria: Artigos
Data: 03/01/2023
Josué 7

Moisés descreveu a Terra Prometida como uma “terra de montes e de vales” (Dt 11:11). Creio que essa declaração é mais do que uma descrição do contraste entre a paisagem montanhosa de Canaã e a topografia plana e monótona do Egito. Tratase também de uma descrição da geografia da vida de fé, retratada pelas experiências de Israel em Canaã. Quando, pela fé, nos apropriamos de nossa herança em Cristo, experimentamos picos de vitória e vales de desânimo. O desânimo não é inevitável na vida cristã, mas devemos nos lembrar de que não há montanhas sem vales.

Josué 7 começa indicando que haverá uma mudança, pois Josué está prestes a descer do pico da vitória em Jericó para o vale da derrota em Ai. Josué era um líder competente e experiente, mas também era humano e, portanto, sujeito a errar.

Nessa experiência, ele nos ensina o que causa a derrota e como devemos lidar com o desânimo em nossa vida.

1. UM SOLDADO DESOBEDIENTE (Js 7:1,20 ,21) O pecador (v. 1). Seu nome era Acã ou Acar, que significa “perturbação”, e ele era da tribo de Judá (Js 7:16) (ver 1 C r 2:7; observar em Js 7:26 que “Acor” também significa “perturbação”). Ele é conhecido na Bíblia como o perturbador de Israel (Js 7:25). Israel foi derrotado em Ai, e o inimigo matou trinta e seis soldados israelitas em decorrência da desobediência de Acã. Foi a primeira e única derrota militar de Israel em Canaã, a qual será, para sempre, associada ao nome de Acã.

Jamais subestime o estrago que uma só pessoa fora da vontade de Deus pode fazer. A desobediência de Abraão no Egito quase lhe custou a esposa (Gn 12:10-20); a desobediência de Davi ao realizar um censo sem a permissão de Deus causou a morte de setenta mil pessoas (2 Sm 24), e a recusa de Jonas em obedecer a Deus quase fez afundar um navio (Jn 1). A igreja hoje deve vigiar com diligência para que “nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação” (Hb 12:15, NVI). Assim , Paulo admoestou os cristãos de Corinto a disciplinar o homem desobediente que se encontrava no meio deles, pois seu pecado estava maculando a igreja toda (1 Co 5).

Deus deixou claro que era Israel quem havia pecado e não somente Acã como indivíduo (Js 7:1,11). Por que Deus colocou a culpa da desobediência de um só soldado sobre a nação toda? Porque Israel era um só povo no Senhor, era o povo da aliança e não apenas um conjunto de tribos, clãs, famílias e indivíduos. Deus habitava no meio do arraial de Israel, e era isso o que fazia dos israelitas o povo especial de Deus (Êx 19:5, 6). O Deus Jeová caminhava no meio do povo, e, portanto, o arraial precisava ser mantido santo (Dt 23:14). Qualquer um que desobedecesse a Deus profanaria o acampamento, e essa profanação afetava o relacionamento do povo com o Senhor e dos israelitas uns com os outros.

O povo de Deus hoje é um só corpo em Cristo. Consequentemente, pertencemos uns aos outros e afetamos a vida uns dos outros (1 Co 12:12ss). Qualquer fraqueza ou infecção numa parte do corpo humano contribui para a fraqueza e infecção das outras partes. O mesmo se aplica ao corpo de Cristo. “Se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1 Co 12:26). “Um só pecador destrói muitas coisas boas” (Ec 9:18).

O pecado (vv. 20, 21). Acã ouviu seu comandante ordenar que todos os despojos de Jericó deveriam ser consagrados ao Senhor e ir para o tesouro de Deus (Js 6:1 7- 21, 24). Um a vez que Jericó era a primeira vitória de Israel em Canaã, as primícias dos despojos pertenciam ao Senhor (Pv 3:9). No entanto, Acã desobedeceu e tomou um caminho perigoso que o conduziu ao pecado e à morte (Tg 1:13-15): “Vi […] cobicei […] e tomei […]” (Js 7:21). Eva fez a mesma coisa quando deu ouvidos ao diabo (Gn 3:5) e também Davi quando se entregou à carne (2 Sm 11:1-4). Um a vez que Acã cobiçou as coisas do mundo, levou Israel à derrota e causou a própria morte bem como de sua família.

O primeiro erro de Acã foi olhar outra vez para os despojos. E provável que não tivesse como evitar de vê-los da primeira vez, mas jamais deveria ter voltado a olhar para eles e pensar em tomá-los para si. A primeira vez que um homem vê uma mulher pensa: “Ela é linda!”, mas é o segundo olhar que dá asas à imaginação e conduz ao pecado (Mt 6:27-30). Se tivermos sempre a Palavra de Deus diante de nossos olhos, não começaremos a olhar na direção errada, fazendo o que não devemos (Pv 4:20-25).

O segundo erro de Acã foi dar outro nome aos tesouros de Deus ao chamá-los de “despojos” (Js 7:21). Não eram “despojos”, mas sim parte do tesouro do Senhor e inteiramente consagrados a ele. Não pertenciam a Acã nem mesmo a Israel, mas a Deus. Quando Deus identifica algo de modo específico, não temos direito algum de mudar essa definição. Em nosso mundo de hoje, inclusive no âmbito religioso, as pessoas estão reescrevendo o dicionário de Deus! “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5:20).

Se Deus diz que algo é errado, então é errado, e não há mais discussão.

O terceiro erro de Acã foi cobiçar. “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tg 1:14). Em vez de cantar louvores em seu coração pela vitória que Deus havia dado a seu povo, Acã imaginou em seu coração como seria ter todo aquele tesouro. A imaginação é o “ventre” no qual o desejo é concebido e do qual, a seu tempo, nascem o pecado e a morte.

Seu quarto erro foi pensar que poderia escapar incólume ao esconder o que havia tomado para si. Adão e Eva tentaram encobrir seu pecado, fugir e se esconder, mas o Senhor os encontrou (Gn 3:7ss). “E sabei que o vosso pecado vos há de achar” (Nm 32:23). “Porque o S e n h o r fará justiça ao seu povo” (Dt 32:36; Hb 10:30). Que tolice de Acã pensar que Deus não seria capaz de ver o que ele estava fazendo, quando “Todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4:13).

O pecado de Acã torna-se ainda mais odioso ao se ter consciência de tudo o que Deus havia feito por ele. Deus cuidara dele e de sua família no deserto. Ele os havia feito atravessar o rio Jordão em segurança e concedera a vitória ao exército em Jericó. Na aliança em Gilgal, o Senhor havia aceitado Acã como filho. E, no entanto, apesar de todas essas experiências maravilhosas, Acã desobedeceu a Deus só para se apropriar de uma riqueza que nem sequer podia desfrutar. Se ao menos tivesse esperado um ou dois dias e tomado os despojos que quisesse depois da vitória em Ai! “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).

2. UM EXÉRCITO DERROTADO (Js 7:2-5) Como todo bom comandante, antes de planejar sua estratégia, Josué fez um levantamento da situação (Nm 21 :32 ; Pv 20 :18; 24:6). Seu erro não foi enviar os espias, mas sim presumir que Deus estivesse contente com seu povo e que lhes daria outra vitória em Ai. Ele e seus oficiais estavam agindo pelas aparências e não pela fé. Os líderes espirituais devem buscar, em todo tempo, a face do Senhor e descobrir qual é a vontade dele para cada novo desafio. Se Josué tivesse convocado uma reunião de oração, o Senhor lhe informaria que havia pecado no meio do arraial e Josué teria tratado do problema. Isso teria salvado a vida de trinta e seis soldados e poupado Israel de uma derrota humilhante.

É impossível entrar na mente de Josué e compreender seus pensamentos completamente. Sem dúvida, a impressionante vitória em Jericó havia dado a Josué e a seu exército um bocado de autoconfiança, e a autoconfiança pode levar à presunção. Um a vez que Ai era uma cidade menor do que Jericó, do ponto de vista humano, a vitória parecia inevitável. Porém, em vez de procurar saber quais eram os planos do Senhor, Josué aceitou o conselho dos espias, e isso o levou à derrota. Ele voltaria a cometer esse erro ao tratar com os gibeonitas (Js 9).

Os espias não mencionaram o Senhor. Todo seu relato concentrou-se no exército e em sua certeza de que Israel seria vitorioso. Não ouvimos esses homens dizendo: “Se o Senhor quiser” (Tg 4:13-17). Estavam certos de que nem era preciso usar todo o exército para o ataque, mas não foi essa a estratégia de Deus quando deu as ordens para a segunda investida contra Ai (Js 8:1). Um a vez que os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos (Is 55:8, 9), é melhor dedicar o tempo necessário para buscar sua orientação. “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16:18). O que Israel precisava era de confiança em Deus e não em si mesmo.

Ai ficava na região montanhosa, a cerca de vinte e cinco quilômetros de Jericó, e era preciso subir até lá, pois a cidade encontrava-se a quase seiscentos metros acima do nível no mar. O exército israelita marchou morro acima, mas não tardou a descer, batendo em retirada, cada um fugindo para salvar a própria vida e deixando para trás trinta e seis companheiros mortos.

Moisés havia advertido Israel de que não poderia derrotar o inimigo a menos que a nação fosse obediente ao Senhor. Se seguissem o Senhor pela fé, um soldado israelita correria atrás de mil soldados inimigos, e dois israelitas lutariam contra dez mil! (Dt 32:30) Três soldados israelitas poderiam ter derrotado a cidade inteira, se Israel estivesse sob o favor do Senhor (Js 8:25). “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59:2).

3. UM LÍDER DESANIMADO (Js 7:6-15) O líder que Deus havia engrandecido (Js 6:27) encontrava-se mortificado. Se alguma vez nossos melhores planos foram completamente despedaçados, então podemos nos identificar com Josué e seus oficiais.

Remorso (v. 6). O coração dos cananeus havia desmaiado ao saber das conquistas de Israel (Js 2:11), mas a situação havia se invertido, e o coração de Israel se derreteu e se tornou como água! O general que não havia experimentado derrota algum a passou o resto do dia prostrado diante da arca em Gilgal com seus líderes. Rasgaram as vestes, colocaram pó sobre a cabeça, prostraram-se em terra e clamaram “Ah! Senhor “. Esse era o comportamento típico dos israelitas sempre que se encontravam grandemente angustiados, como no caso de uma derrota militar (1 Sm 4:12), ou depois de sofrer alguma violência e vergonha pessoal (2 Sm 13:19). Eram as atitudes prescritas quando Israel voltava-se para Deus em tempos de grande perigo ou de pecado como nação (Ne 9:1; Ed 4:1). Se Josué tivesse se humilhado antes da batalha, a situação teria sido diferente depois da batalha.

A arca da aliança era uma lembrança da presença de Deus no meio de seu povo. A arca havia ido adiante de Israel quando atravessaram o rio (Js 3:11 ss) e estivera com eles quando marcharam ao redor de Jericó (Js 6:6-8). Deus não havia lhes ordenado que levassem a arca consigo para Ai, mas a presença de Deus teria ido com eles, se não houvesse pecado no arraial. Sem a presença de Deus, a arca era apenas uma peça de madeira, e a presença da arca não era garantia alguma de vitória (1 Sm 4).

Repreensão (vv. 7-9). Em sua oração, Josué falou como os israelitas incrédulos sempre que se encontravam numa situação difícil que exigia fé: “Por que não ficamos onde estávamos?” Foi o que fizeram no mar Vermelho (Êx 14:11), quando estavam sedentos e famintos no deserto (Êx 1 6 :3 ; 17:3) e quando foram disciplinados em Cades Barneia (Nm 14:1-3). Os judeus expressaram com frequência o desejo de voltar para o Egito, mas Josué mostrou-se disposto a atravessar o Jordão e a assentar-se do outro lado.

“Mas leia essa oração e encontrará nela um tom perigoso”, escreveu Georg e H. Morrison. “Josué repreende a Deus Parece culpar o Senhor pela presença de Israel em Canaã e pela derrota humilhante que haviam acabado de sofrer.

Quando vivemos pela fé, apropriamo-nos de tudo o que Deus tem para nós. A incredulidade, porém , sempre se contenta com algo aquém daquilo que Deus tem de melhor. É por isso que a Epístola aos Hebreus está na Bíblia: para instar o povo de Deus a “prosseguir” e a entrar na plenitude de sua herança em Cristo (Hb 6:1). Às vezes, Deus permite que passemos por derrotas humilhantes para testar nossa fé e revelar o que, de fato, está acontecendo em nosso coração. Aquilo que a vida faz conosco depende daquilo que a vida encontra em nós, e nem sempre sabemos qual é o estado de nosso próprio coração (Jr 17:9).

Arrependimento (vv. 8, 9). Assim, Josué chega ao cerne da questão: a derrota de Israel havia privado o Senhor de receber glória, por isso os israelitas deveriam se arrepender. Se o povo da terra perdesse o medo do Deus de Israel (Js 2:8-11), a conquista seria muito mais difícil para Josué. O mais importante, porém, não era a fama de Josué nem as conquistas de Israel, mas sim a glória do Deus de Israel. A preocupação de Josué não era com sua reputação pessoal, mas com o “grande nome” de Jeová. Josué havia aprendido essa lição com Moisés (Êx 32:11-13; Nm 14:13-16), uma lição que a Igreja precisa aprender hoje.

Censura (vv. 10-15). O Senhor deixou que Josué e seus líderes ficassem prostrados em terra sobre o rosto até a hora do sacrifício do final da tarde. Deu-lhes tempo para que chegassem ao limite, a fim de que pudessem obedecer a suas instruções; então, falou a Josué. Há um momento de orar e um momento de agir, e havia chegado a hora de agir.

Um a vez que Israel havia pecado, teria de tratar do pecado. Deus disse a Josué que a nação havia roubado algo que pertencia ao Senhor e escondido no meio de suas coisas como se lhes pertencesse. Observe a repetição do termo “condenado”, usado cinco vezes neste parágrafo. Ao se preparar para atravessar o Jordão (Js 3:5), a nação já havia se purificado, mas agora era preciso purificação a fim de descobrir o inimigo que se encontrava em seu acampamento. Deviam apresentar-se diante de Deus para que ele desmascarasse o culpado.

O que Deus disse a Josué ajuda-nos a ver o pecado de Acã (e o pecado de Israel) do ponto de vista divino. O que fizeram foi pecado (Js 7:11), e pecar significa “errar o alvo”. Deus quer que seu povo seja santo e obediente, mas os israelitas erraram o alvo e ficaram aquém dos padrões de Deus. Também foi uma transgressão (v. 11), que significa “ultrapassar o limite”. Deus havia determinado um limite e dissera que não o ultrapassassem, mas eles transgrediram a aliança e cruzaram a linha que Deus havia determinado.

O pecado consistiu em roubar de Deus e, depois, em mentir sobre o roubo (v. 11). Acã havia tomado riquezas proibidas, mas fingiu ter obedecido ao Senhor. Havia agido com insensatez (v. 15) ao pensar que poderia roubar de Deus e escapar incólume. Israel não seria capaz de enfrentar qualquer inimigo até que tivesse expurgado esse pecado. As tribos não conseguiriam apropriar-se de sua herança enquanto um homem estivesse apegado a tesouros proibidos. Tudo o que Deus havia feito por seu povo até então de nada adiantaria, se não pudessem avançar vitoriosos. Que lição para a Igreja de hoje!

Naquela noite, Josué mandou comunicar que todos deveriam santificar-se e preparar-se para uma assembleia a ser realizada na manhã seguinte. Ficamos imaginando se Acã e sua família conseguiram dormir naquela noite… ou será que pensaram que estavam seguros?

4. UM PECADOR DESMASCARADO (Js 7:16-26) A investigação (vv. 16-18). “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”, perguntou o profeta (Jr 17:9); e apresentou a resposta no versículo seguinte: “Eu, o S en h o r , esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações”.

Ninguém pode se esconder de Deus. “Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja?” (Jr 23:24). Quer os pecadores corram para o topo das montanhas quer mergulhem até as profundezas dos mares, Deus os encontrará e julgará (Am 9:3). “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14).

A abordagem de Deus foi metódica. Primeiro, separou a tribo de Judá, depois a família dos zeraítas, depois a família de Zabdi e, por fim, o culpado, Acã. E possível que o sumo sacerdote tenha usado a estola para determinar a orientação divina (1 Sm 23:6, 9: 30:7, 8), ou que Josué e o sumo sacerdote tenham lançado sortes. Deve ter sido assustador para Acã e seus familiares mais próximos ver o dedo acusador de Deus apontando cada vez mais perto deles. “Porque os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; ninguém se esconde diante de mim, nem se encobre a sua iniquidade aos meus olhos” Jr 16:17). Ao ler o Salmo 10, especialmente os versículos 6, 11 e 13, podemos ver o que talvez estivesse se passando na mente e coração de Acã durante esse momento tenso de escrutínio.

Quando Josué indicou Acã como o transgressor, o povo que estava olhando deve ter se perguntado: “Que perversidade ele cometeu para que o Senhor ficasse tão desgostoso conosco?” É possível que os parentes dos trinta e seis soldados mortos tenham se irado ao ver o homem cuja desobediência causou a morte de seus entes queridos.

A confissão (vv. 19-23). A oração “Dá glória ao Senhor ” era uma forma de juramento oficial em Israel (Jo 9:24). Acã não apenas havia pecado contra seu povo, mas também havia cometido um pecado atroz contra o Senhor e deveria confessá-lo a Deus. Sua declaração: “pequei contra o Senhor ” , é semelhante àquela de outros sete homens nas Escrituras que fizeram a mesma confissão, em alguns casos, mais de uma vez, e, alguns deles, sem sinceridade: o Faraó (Êx 9:27; 10:16), Balaão (Nm 22:34), ‘o rei Saul (1 Sm 15:24, 30; 26:21), Davi (2 Sm 12:13; 24:10, 1 7; Sl 51:4) e o filho pródigo (Lc 1 5:18, 21).

Antes que pudesse excetuar o julgamento do Senhor, Josué teve de apresentar as evidências que comprovavam a confissão de Acã. Os mensageiros cavaram debaixo da tenda de Acã e encontraram as “coisas condenadas” que haviam trazido a derrota de Israel. Os objetos roubados foram colocados diante do Senhor para que ele pudesse ver que Israel estava renunciando sua posse desse tesouro infeliz. A confissão e as evidências eram suficientes para condenar o homem acusado.

O julgamento (vv. 24-26). Uma vez que a lei em Israel proibia membros inocentes da família de serem castigados pelos pecados de seus parentes (Dt 24:16), é bem provável que a família de Acã fosse culpada de cumplicidade com seu pecado. Sua família foi julgada de maneira semelhante àquela que Israel deveria tratar uma de suas cidades que se tivesse entregado à idolatria (Js 13:12-18). Acã e seus familiares haviam deixado o verdadeiro Deus vivo e voltado o coração àquilo que Deus havia condenado: prata, ouro e uma vestimenta cara. Não valia a pena!

A Bíblia mostra que, quando iniciava um novo período da história, Deus às vezes revelava sua ira contra o pecado de modo mais dramático. Depois de o tabernáculo haver sido montado, Nadabe e Abiú invadiram o lugar santo e desobedeceram à lei de Deus, e o Senhor os castigou com a morte. Foi uma advertência para que os sacerdotes não tratassem o santuário de Deus com desleixo (Lv 10). Quando Davi tentou levar a arca de volta a seu lugar de honra e Uzá tocou na arca para segurá-la, Deus matou Uzá (2 Sm 6:1-11), outra advertência de Deus para não tratar as coisas sagradas de modo descuidado. No começo da era da Igreja, Ananias e Safira foram mortos pelo Senhor quando mentiram a Deus e a seu povo (At 5:1-11).

A morte de Acã e de sua família foi, sem dúvida, uma advertência dramática para a nação não tomar a Palavra de Deus levianamente. As pessoas e os animais foram apedrejados e os corpos queimados com todos os bens da família. O perturbador de Israel foi completamente removido de cena, e o povo foi santificado, de modo que Deus pudesse voltar a marchar com o povo e dar-lhe a vitória. O nome Acor significa “perturbação”. O vale de A cor é mencionado em Isaías 65:10 e Oséias 2:15 como um lugar onde, um dia, o povo de Deus terá um recomeço e não será mais associado à vergonha e à derrota. O vale de Acor se tornará, então, uma “porta de esperança”, quando os judeus voltarem para sua terra e tomarem parte nas bênçãos do reino messiânico. Como o Senhor é maravilhoso de tomar Acor, um lugar de vergonha e derrota, e transformá-lo num lugar de esperança e de alegria.

O monte de pedras no vale seria uma lembrança de que Deus espera que seu povo obedeça à sua Palavra e, se não o fizer, terá de julgá-lo. O monte de pedras em Gilgal (Js 4:1-8) servia para lembrá-los de que Deus cumpre o que promete e conduz seu povo obediente ao lugar de bênção. Esses dois memoriais são elementos necessários na jornada de fé. Deus é amor (1 Jo 4:8,16) e anseia por abençoar seu povo. Mas Deus também é luz (1 Jo 1:5) e deve julgar os pecados de seu povo.

Josué e seus líderes haviam passado por dois dias difíceis, mas a situação estava prestes a mudar. Deus assumiria o comando do exército e conduziria seu povo à vitória. Quando você se entrega ao Senhor, nenhuma derrota é permanente e nenhum erro é irremediável. Mesmo o “vale de Perturbação” pode transformar-se numa “porta de esperança”.

Por W. W. adapt. Eli vieira


Autor: Postado por Eli Vieira   |   Visualizações: 30 pessoas
Compartilhar: Facebook Twitter LinkedIn Whatsapp

  • Procurar




Deixe seu comentário