Categoria: Artigos
Data: 21/11/2023

Antes de desenhar uma relação do cristão com o mundo dos negócios, é preciso saber: O que é esse ambiente? De que é formado? E por que ele existe? Pode-se formular muitas outras perguntas com relação à definição dos termos, mas somente isso bastaria para se fazer uma analogia do cristão com o mundo. 

Dentre muitos nichos sociais que compõem a estrutura da sociedade em geral, temos o “mundo dos negócios”, ou “mundo corporativo”, ou ainda “mundo empresarial”, termos sinônimos entre si. Definem-se como um ambiente de trabalho formado por diversos setores (Administração, Engenharia, Marketing, Recursos Humanos, Produção etc.), conectados entre si por uma atividade econômica, e que possui um propósito fundamental (sua razão de ser), com prospecção de crescimento, tanto pessoal como coletivo e que, por sua vez, está firmado por um código de conduta. É nesse ambiente que o ser humano passa 1/3 de sua vida, influenciando e sendo influenciado em suas relações sociais. 

Dentro desse “mundo” diversificado de relações sociais, onde de um lado: a liderança e a gestão, com suas visões, regras e metas; e de outro: os colaboradores e suas necessidades; surgem, inevitavelmente, os conflitos e tensões, inerentes aos processos. Para complicar um pouco mais, os líderes e liderados trazem de “fora” do mundo corporativo problemas pessoais que podem engessar ainda mais as engrenagens sociais e profissionais da organização, trazendo desconfiança, insegurança e medo. A gestão de qualidade, de pessoas e negócios não tem medido esforços para formatar organizações dentro de requisitos humanistas.  

Aonde chegaremos com isso? Caminhemos mais um pouco… É nesse contexto que a competitividade entre empresas e concorrentes passa por cima do respeito, da honestidade, dos valores éticos e morais, que são argamassas para se construir qualquer sociedade. A hierarquia entre líderes e liderados é obedecida por causa de um organograma, e não por reconhecimento dos subordinados. Quando a ambição por cargos e salários fala mais alto, o mais forte e esperto prevalece, não por mérito, mas por meios inescrupulosos. Enfim, o que se deve manter a todo custo são os lucros da organização e os postos de trabalho. 

Contudo, não tem como falar da relação do cristão no mundo dos negócios sem relacioná-lo com a mordomia cristã. O empresário ou colaborador de uma empresa que se diz cristão, além de obedecer a lei normativa que rege seu “status quo”, é regido pela lei da Palavra de Deus, ou seja, as Escrituras. Tudo que diz respeito em sua vida precisa passar pelo crivo da Bíblia.   

A palavra “mordomo” tem sua origem no latim – major domus –, que quer dizer: administrador de uma casa. A palavra grega mais comum, frequentemente no Novo Testamento, é “oikonomos” (TENNEY, 2008, p. 377). O “oikonomos” denotava primariamente “o administrador de uma casa ou propriedade”, formado de oikos, “casa”, e nemo, “arranjar, organizar” (VINE, 2002, p. 800). Essa palavra é mais traduzida como “despenseiro”.  

Na teologia bíblica, chamamos de mordomia cristã a verdade fundamental de que Deus é o Criador e sustentador de todas as coisas. Isso quer dizer que Ele é o dono de tudo, e nada nos pertence. Temos o costume de nos enxergar como donos das coisas, mas na verdade somos simplesmente mordomos, chamados para administrar, guardar, cuidar daquilo que o Senhor tem deixado sob nossa responsabilidade (Gn 2:15). Somente o cristão sabe disso.  

Pergunta-se: O empresário cristão pode sonegar impostos? Pode pagar propina? Ter funcionários sem carteira assinada? Ser mal pagador? Não oferecer condições dignas de trabalho? Coisas que a curto prazo podem alavancar substancialmente os resultados financeiros de uma empresa, mas a médio e longo prazos serão uma tragédia para esta instituição.  

Os princípios bíblicos de fidelidade, justiça, retidão, equidade e obediência, que norteiam o cristão na Igreja de Cristo, devem ser igualmente aplicados pelo empresário cristão no mundo dos negócios, por uma simples razão: se este administra e cuida dos negócios de seu Senhor, deve seguir as normas do seu Senhor (a Palavra de Deus).  

Quando Cristo ensinou sobre o Reino de Deus e a importância da fidelidadeusou a administração dos bens como ilustração na “parábola dos talentos” (Mateus 25.14-30); “das minas” (Lucas 19.12-27); do “mordomo infiel”. 

Apesar da graça comum ter alcançado empresários não-cristãos inescrupulosos que prosperam diariamente, isso não justifica jamais o empresário cristão agir da mesma forma. Seus valores estão firmados naquilo que ele é em Cristo, não naquilo que ele tem de bens; sua identidade e dependência está em Deus“porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal” (1 Pedro 3.17).  

Dessa forma, independentemente dos lucros e proeminência financeira, por meio de sua vida, é fundamental sempre dar testemunho fiel de Jesus Cristo no mundo dos negócios, dando glória a Deus. 

 

– Pr. Milton Fernandes – Pastor Auxiliar 



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